María Martín-Granizo, conhecida online como @conelpieizquierdo , é uma jovem de Leão nascida em 2006 com agenesia femoral na perna direita. Esta condição não a impediu de realizar nenhum dos seus sonhos e de se destacar no mundo dos desportos adaptados. María sagrou-se campeã mundial de surf adaptado e campeã espanhola de esqui. Com uma atitude positiva e o humor como filosofia de vida, María continua a quebrar barreiras e a servir de inspiração para muitos.

Como começou a sua paixão pelo desporto?
A minha paixão pelo desporto nasceu graças à minha família, que sempre foi muito atlética. Aos 6 anos, comecei a esquiar com a minha irmã gémea e o meu irmão mais velho, e tenho-me divertido desde então. Aos 8 anos, descobri o surf como um hobby, mas com o passar do tempo, a paixão tornou-se mais séria e comecei a competir. O desporto sempre foi uma parte fundamental da minha vida, proporcionando-me experiências incríveis com a minha família e amigos.
Qual foi o maior desafio que enfrentou na sua carreira como atleta?
As lesões foram, sem dúvida, o maior desafio da minha carreira. O desporto é a minha vida, e lesionar-me significou ter de deixar de fazer aquilo que mais gosto.
A primeira vez que me lesionei foi pouco antes de competir no Campeonato Mundial de Espot, o que foi muito difícil tanto física como mentalmente. No entanto, o apoio da minha família, amigos, treinador e psicólogo tornou o processo de recuperação mais suportável e ajudou-me a ultrapassar a situação mais facilmente.
O que significa para si ser atleta hoje?
Para mim, ser atleta hoje significa quebrar barreiras e provar que o talento e o esforço não têm género. Espero poder servir de inspiração para as gerações futuras.
Acredito que o desporto tem feito grandes progressos em termos de igualdade, mas ainda há desafios a ultrapassar. Orgulho-me de fazer parte desta mudança, de demonstrar que podemos competir ao mais alto nível, de apoiar outras mulheres ao longo do caminho e de continuar a promover a visibilidade e o reconhecimento do desporto feminino.
De que momento da sua carreira se recorda com mais orgulho?
Vencer o Campeonato do Mundo de Surf. Foi uma experiência incrível. A manga estava incrivelmente renhida, e conquistei a vitória nos últimos 20 segundos. Nunca senti tanta adrenalina na minha vida. Ouvir o hino do seu país tocado noutro lugar, sabendo que é graças a si, é uma sensação indescritível e muito gratificante.

Já enfrentou obstáculos ou estereótipos por ser mulher no desporto?
Mais do que ser mulher, os obstáculos que enfrentei foram por ter uma deficiência. Muitas pessoas presumem que nós, com deficiência, somos incapazes de fazer o que quer que seja ou que vivemos numa bolha de fragilidade, quando, na realidade, é exatamente o contrário. É por isso que gosto de partilhar tudo o que faço nas redes sociais, para que as pessoas percebam que somos capazes de tudo aquilo a que nos propomos.
Que conselhos daria às raparigas que sonham praticar desporto?
Nunca deixe que ninguém lhe diga que não consegue. Se adora desporto, vá em frente com todas as suas forças. Haverá dias difíceis e treinos intensos, mas o mais importante é acreditar em si e, acima de tudo, desfrutar, porque também há dias muito bons.

Como é que o desporto impactou a sua vida fora das competições?
O desporto tornou-me mais responsável, pois obriga-me a organizar-me bem para treinar, estudar e acompanhar tudo. Nem sempre é fácil, mas aprendi a aproveitar o meu tempo ao máximo.
Quem foi a sua maior inspiração no mundo do desporto?
A minha maior inspiração é Lindsey Vonn. Desde pequena que adoro o seu estilo de esqui e admiro a sua capacidade de recuperar ainda mais forte após múltiplas lesões. Acho que é uma mulher incrivelmente forte e determinada.
Como equilibra a sua carreira desportiva com a sua vida pessoal?
Equilibrar a minha carreira desportiva com a minha vida pessoal é complicado porque passo muito tempo fora de casa, mas consigo fazê-lo com um bom planeamento e priorização. O desporto exige disciplina e dedicação, mas também valorizo o tempo com a minha família e amigos. No final do dia, é importante saber quando parar e descansar, porque, caso contrário, é muito difícil manter o ritmo.
Como acha que o desporto pode ajudar a capacitar mais mulheres e raparigas?
O desporto é uma ferramenta poderosa para o empoderamento das mulheres e raparigas, pois ensina disciplina, confiança e resiliência. Através do desporto, aprendemos a superar obstáculos, a acreditar nas nossas capacidades e a tornarmo-nos mais fortes. Além disso, o desporto é um espaço onde se partilham valores como a igualdade e a camaradagem.
Que mensagem gostaria de partilhar com outras mulheres neste dia especial?
Não desista e nunca perca a esperança. Só tem uma vida e precisa de vivê-la.